METFORMINA VERSUS INSULINA NO DIABETES MELLITUS GESTACIONAL: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

Giovanna Noronha Berti, João Pedro Ruas Floriano de Toledo, Julia Rodrigues Tatemoto, Lais Watanabe Marino, Mariana de Medeiros Legori, Sergio Floriano de Toledo

Resumo


Entre as mais frequentes complicações da gestação, encontra-se o Diabetes Mellitus Gestacional, patologia que teve aumento de sua prevalência nos últimos anos. A gravidez é um estado de resistência à insulina, mediado principalmente pela secreção placentária de hormônios contra insulínicos. Tal fisiopatologia pode promover eventos adversos maternos e neonatais. A fim de diminuir o risco desses eventos, a prática de atividade física e dieta são fundamentais, porém cerca de 30% das gestantes não respondem somente a mudanças no estilo de vida, necessitando de intervenção farmacológica. O objetivo deste trabalho é avaliar o uso da metformina para tratamento do Diabetes Mellitus Gestacional em comparação com a insulina e fornecer a melhor evidência atual disponível sobre essa intervenção. Este artigo consiste em uma revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados. Foram avaliados os seguintes desfechos: Peso ao nascer, parto cesárea, necessidade de internação em UTI neonatal, Idade gestacional ao nascer, hipoglicemia neonatal, evolução para pré-eclâmpsia, APGAR no 5º minuto e neonatos GIG ao nascer. Foram selecionados sete artigos seguindo os critérios de elegibilidade, resultando numa certeza de evidência muito baixa. Não houve evidência clara de que a metformina apresente menor risco de ganho de peso excessivo pelo feto, no entanto, em ambos os grupos, a média de peso ao nascer manteve-se abaixo do limite para o estabelecimento diagnóstico de macrossomia. Ademais, em relação ao parto cesárea, a revisão sistemática manteve o paradigma de que a via de parto é fundamentalmenre obstétrica e deve ser individualizada à despeito da farmacoterapia utilizada no tratamento da DMG. Apenas um estudo incluído no trabalho indicou menor necessidade de internação em UTI neonatal em pacientes de mães expostas a metformina em comparação à insulinoterapia com diferença estatisticamente significante, o que mostra uma evidência pouco clara sobre o real benefício. Em relação ao desfecho idade gestacional ao nascer, nenhum artigo evidenciou diferença estatisticamente significante entre a metformina e a insulina na vigência da DMG. Avaliando o desfecho hipoglicemia neonatal observamos que apenas dois artigos apresentaram diferença estatisticamente significante favorecendo o uso de metformina, os demais não demonstraram tal distinção. Apesar de haver estudos apontando menor risco de desenvolvimento de pré-eclâmpsia em pacientes submetidas ao uso de metformina no manejo da DMG, não há clara evidência desse


desfecho, uma vez que a maioria dos estudos incluídos na nossa revisão sistemática não apresentou resultados com diferenças estatisticamente significante. Por último, não observamos diferenças relevantes, em relação ao desfecho APGAR no 5º minuto no contexto de DMG e suas formas de tratamento. Portanto, a metformina pode ser uma alternativa viável em comparação à insulinoterapia isolada no tratamento do Diabetes Mellitus Gestacional. No entanto, quatro estudos apresentaram moderado risco e três alto risco. Portanto, torna-se necessário a realização de novos estudos que identifiquem e corrijam as variáveis que interferiram nos resultados obtidos.


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