Novas técnicas da Biologia Molecular para detecção e tratamento de neoplasia de mama

Carolina Fernandes Marme Pais, Stefani de Menezes Araujo Lima, Júlia Cunha Teixeira, Audrey Thomaz Vieira da Costa, Cleide Barbieri de Souza

Resumo


A neoplasia de mama é uma doença de ampla incidência no Brasil, sendo a mais frequente das neoplasias. É caracterizada por mutações genética específicas que desencadeiam alterações nos processos de crescimento celular, fazendo com que as células se dividam de maneira descontrolada e desorganizada. Todos os anos a neoplasia acomete cerca de 52.680 indivíduos sendo que aproximadamente 15.000 vão a óbito. Em maior parte dos tipos de neoplasias de mama é evidenciada a presença de receptores hormonais de estrógeno e progesterona e da proteína Her-2. Tal proteína possui papel fundamental no crescimento e desenvolvimento de uma ampla categoria de células epiteliais, porém, na presença de mutações em sua estrutura, passam a ter função no desenvolvimento da neoplasia, sendo utilizadas como marcadores tumorais. As atuais terapias utilizadas no tratamento de neoplasia não são totalmente eficazes e atuam nãos só sobre as células mutadas como sobre as células benignas do organismo causando uma série de efeitos colaterais. Entretanto, a descoberta do RNAi (interferência) mostrou-se uma alternativa de alto potencial no tratamento das neoplasias já que sua ação é específica no RNA mensageiro alvo envolvido no processo de oncogênese, seja mediando sua clivagem ou reprimindo o processo traducional. A partir do conhecimento do RNAi, descrito pela primeira vez na década de 1990, e posteriormente estudado largamente pelos pesquisadores Andrew Z. Fire e Craig C. Mello, foi possível o desenvolvimento das moléculas sintéticas miRNA e shRNA. Os miRNAs têm suas funções largamente estudadas no desenvolvimento e supressão de neoplasias. A classe dos miRNAs supressores tumorais ou anti-oncogênicos atua inibindo a expressão de oncogenes ou proteínas que estimulam a proliferação de células neoplásicas. Estudos evidenciaram a diminuição da quantidade dessas moléculas em pacientes com neoplasia de mama, sendo exemplos o miR-126, miR-125a, miR-125b e miR-185. Em contraposição, os miRNAsoncogênicos estão envolvidos no processo de crescimento e diferenciação celular das células neoplásicas e podem inibir os miRNAs supressores tumorais, sendo um exemplo o miR-21.Há algumas barreiras a serem transpostas nessa nova opção de terapia como os rigorosos padrões de especificidade, estabilidade e potência dos miRNAs. É preciso que as moléculas sejam extremamente específicas para que não interajam em outros processos traducionais que não o de interesse na terapia, que não desenvolvam respostas imunológicas indesejadas, ajam efetivamente e não percam sua funcionalidade rapidamente dentro do organismo por serem consideravelmente frágeis. É válido salientar que o processo de silenciamento gênico bem como as pesquisas acerca do mesmo, buscando a identificação de marcadores tumorais e miRNAs presentes em pacientes com neoplasia, são realizadas com base nas técnicas de biologia molecular como Western Blot, NorthernBlot e Hibridização in situ com fluorescência. Atualmente muitas pesquisas são realizadas mundialmente acerca do silenciamento gênico por RNA interferência, diversos artigos foram publicados e milhões de reais são investidos na indústria farmacêutica para o desenvolvimento dessa terapia que possui grande potencialidade para combater as neoplasias, entre outras doenças e revolucionar o âmbito dos fármacos e terapias tradicionais.

Palavras-chave: Neoplasia, mama, RNAi, Biologia Molecular.


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