EPIDEMIOLOGIA DAS INTERNAÇÕES POR INFLUENZA A, SANTOS, SÃO PAULO, BRASIL, 2009

Marina Iazzetti Sigueta, Thais Rumy Tanno, Luisa Nascimento Ruiz, Nayara Pereira de Santana, Natália Udi Araújo Carvalho Fanton, Cláudia Carneiro Bitar, Tulio Konstantyner

Resumo


OBJETIVO: o objetivo do presente estudo foi descrever as características dos pacientes internados com diagnóstico de gripe Influenza A (H1N1), durante a pandemia de 2009, e identificar fatores associados ao mau prognóstico.

MÉTODOS: estudo de delineamento transversal, que utilizou as informações das fichas de notificação do Núcleo de Vigilância Epidemiológica (NVE) e dos prontuários médicos assistenciais de 55 pacientes internados no Hospital Guilherme Álvaro de Santos (HGA), que apresentaram sorologias reagentes e confirmatórias de infecção aguda de Influenza. O pacote estatístico utilizado para a investigação das associações foi Stata 11.0, considerando-se estatisticamente significantes associações com p≤ 0,05.

RESULTADOS: febre (98,2%), tosse (78,2%) e dispneia (52,7%) foram os sintomas mais frequentes. A prevalência de internação em unidade de terapia intensiva (UTI) e óbito foram, respectivamente, 21,8% (10,6-33,1% - IC 95%) e 12,7% (3,6-21,8% - IC 95%). A análise bivariada mostrou que caso importado (p=0,018),  lactente (p=0,030), presença de dispneia (p=0,019) e radiografia alterada (p=0,004) foram fatores de risco para internação em UTI e caso importado (p=0,017), presença de dispneia (p<0,001) e radiografia alterada (p<0,001) foram fatores de risco para óbito.

CONCLUSÃO: a característica dos sintomas e as taxas de prevalência de necessidade de UTI e óbito se assemelharam as descritas em outras pesquisas, porém foi diferente daquelas que estudaram pacientes com vírus sazonal. Os achados sugerem a necessidade de estruturação efetiva da rede de atendimento referenciada e que a tomada de decisão terapêutica do profissional de saúde considere a dispneia e a radiografia de tórax como preditores do mau prognóstico.


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